Maria e o mistério de Cristo
13.09.2024 - 00:00:00 | 3 minutos de leitura

O texto mais antigo do novo testamento a se referir a Maria é lido em Gl 4,4. “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher.” Este texto estabelece a base fundamental da mariologia, pois nela tudo se refere a Cristo. “Na Virgem Maria, de fato, tudo é relativo a Cristo e dependente d’Ele: foi em vista d’Ele que Deus Pai, desde toda a eternidade, a escolheu Mãe toda santa e a cumulou com dons do Espírito a ninguém mais concedidos.”1 Há, portanto, um mistério de eleição que já apareceu prefigurado na promessa feita aos primeiros pais que haviam caído no pecado, quando se fala de vitória sobre a serpente (Cf. Gn 3,15) 2. Maria permanece diante de Deus e também diante de toda a humanidade, como o sinal imutável e inviolável da eleição por parte de Deus. Esta eleição é mais forte que toda a experiência do mal e do pecado, que toda aquela inimizade pela qual está marcada toda a história do homem. Nesta história, Maria permanece um sinal de segurança e esperança 3.
Lucas relata em seu evangelho que o anjo, ao saudar Maria, a chamou de “Cheia de Graça” em grego Kecharitoméne 4 (Lc 1,28). Esse nome especial não é dado a mais nenhuma pessoa em toda a Sagrada Escritura 5. O sagrado magistério da Igreja enxergou nesse texto um fundamento implícito do dogma da imaculada conceição. “Maria vem a ser a primeira e a mais enriquecida de todas as criaturas. Esta plenitude da graça está ligada à vocação de Maria para ser mãe do Filho de Deus feito homem. O pecado, que é sempre um “não” dito a Deus, não cabe na existência de uma mulher que, por desígnio do Pai, é chamada a colaborar na vitória sobre o pecado.”6
Em 1854 o papa Pio IX declarou solenemente o dogma da imaculada conceição. Conforme a bula Ineffabilis Deus, graças aos méritos de Cristo, Maria foi preservada desde a sua concepção de toda a mancha de culpa do pecado original 7. Deste dogma pode-se compreender que a mãe de Jesus é a primeira a colher os frutos da redenção, ao ser preservada do pecado já no ventre de sua mãe. “O fato de ser imaculada não a torna menos humana. Ao contrário. Ela realiza a utopia da “nova humanidade”, do ser humano evoluído espiritualmente. Mas a imagem de Maria imaculada necessita ser completada com a de peregrina na fé.” 8
[1] MC 25.
[2] Cf. LG 55.
[3] Cf. RM 11.
[4] Essa palavra é um ephapax, isto é, uma palavra única que só aparece aqui. Trata-se de um particípio passado perfeito o que indica uma ação que permanece. Significa a-gracia-da, plenificada ou transbordante de graça. Cf. C. BOFF, Introdução à Mariologia, 6 ed. 2004, p. 49.
[5] Cf. A. MURAD, Maria, toda de Deus e tão humana, 2006, p. 34.
[6] E. T. BETTENCOURT, Curso de Mariologia, s.d. p. 76.
[7] Cf. DS 2803.
[8] A. MURAD, Maria, toda de Deus e tão humana, 2006, p. 124.- A Catequese e seu ministério“PORQUÊ” SER MINISTRO DA CATEQUESE
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